A PRIMEIRA VITÓRIA DE ITALO FERREIRA NO TOUR DA WSL

Italo Ferreira e Mick Fanning, Rip Curl Pro Bells Beach 2018, Victoria, Austrália, World Surf League, WSL, Circuito Mundial de Surf. Foto: WSL / Sloane
O Rip Curl Pro Bells Beach 2018 marcou a primeira vitória de Italo Ferreira no Tour da WSL e a despedida do tricampeão mundial Mick Fanning do Tour. Foto: WSL / Sloane

Quando a sirene anunciou o término da final do Rip Curl Pro Bells Beach 2018 da World Surf League (WSL), Italo Ferreira foi às lágrimas. Ele não conseguia acreditar no que estava acontecendo. O potiguar, de origem humilde, nascido na pequena cidade de Baía Formosa (RN), acabava de derrotar o tricampeão mundial Mick Fanning em seu próprio país, em sua etapa favorita, em sua aposentadoria do Tour.

Era a primeira vitória de Italo, que a partir dali ganhou confiança e passou colecionar muitos troféus na carreira, conquistando o mundo com seu surf irreverente, ousado e explosivo.

Em uma quinta-feira com praia lotada, a torcida em peso, amigos e familiares de Mick Fanning estavam eufóricos com a possibilidade de o lendário australiano encerrar a carreira com sua quinta vitória em Bells Beach. Mas, era o dia de Italo. O brasileiro vinha embalado na competição e deu mais um show na finalíssima, roubando a cena com notas 8.33 e 7.33, contra 8.10 e 4.73 do tricampeão mundial.

“Eu nem consigo acreditar ainda nisso tudo. É incrível, a minha primeira vitória, o Mick Fanning é meu ídolo, nossa, estou muito feliz”, disse Italo na ocasião. “Eu tenho trabalhado duro nos últimos anos. Lembro da minha primeira final com o Filipe (Toledo) em Portugal (em 2016), estava tão perto da vitória, mas agora consegui. O ano passado foi difícil pra mim, por causa da minha lesão depois da Gold Coast, que me deixou de fora por dois meses. Foi terrível e trabalhei muito forte para me recuperar, então agora é o melhor sentimento, muita felicidade pela vitória neste lugar incrível e contra um cara iluminado na final, um herói”.

 

A vitória do brasileiro em Bells marcou também a primeira vez que ele garantiu o direito de usar a lycra amarela de líder do ranking da World Surf League (WSL), o que ocorreu na etapa seguinte daquele ano, em Margaret River, oeste da Austrália.

Ele foi o segundo brasileiro na história do surf mundial a vencer a categoria masculina na tradicional etapa em Bells. O primeiro foi Adriano de Souza, o “Mineirinho”, em 2013. “Eu só quero dizer obrigado Deus e dedicar essa vitória a minha família e todas as pessoas que têm me apoiado ao longo desses anos”, continuou Italo Ferreira depois do emocionante título daquele evento. “Eu sou uma pessoa muito feliz por ser este o meu trabalho e eu só tentei fazer o meu melhor nas ondas que surfei em cada uma das baterias. Eu sabia que tinha que continuar assim na final e o Mick (Fanning) é um dos meus surfistas favoritos, o melhor concorrente, e só tenho que agradecer a ele por tudo que já fez para o nosso esporte”, finalizou o brasileiro.

Apesar da derrota, o sempre polido e carismático Mick Fanning entrou no clima de festa e reconheceu o valor daquele momento para Italo: “Foi um momento muito especial poder estar na final com toda essa torcida e melhores amigos aqui, mas estou feliz em ver o quanto essa vitória significou para o Italo (Ferreira). Foi uma das melhores coisas que eu já vi em Bells”, falou Mick, que disputava a sua sétima final na carreira em Bells e tentava a quinta vitória.

Italo Ferreira, Rip Curl Pro Bells Beach 2018, Victoria, Austrália, World Surf League, WSL, Circuito Mundial de Surf. Foto: WSL
Italo roubou a cena em uma quinta-feira com praia lotada e torcida em peso para Mick Fanning. Foto: WSL

A campanha de Italo

A trajetória de Italo Ferreira no Rip Curl Pro Bells Beach começou com uma bateria 100% brasileira. Ele enfrentou os compatriotas Gabriel Medina e Ian Gouveia. Naquela época, apenas o vencedor da bateria avançava direto ao round 3 e Italo ficou em segundo lugar com 11.40 pontos, contra 12.50 de Medina e 8.23 de Gouveia.

O potiguar teve outras batalhas brasileiras até chegar ao topo do pódio. Na repescagem, Italo derrotou Michael Rodrigues por 13.83 a 9.73 pontos.

Em seguida, foi a vez de Filipe Toledo. O confronto pegou fogo e Italo surfou apenas duas ondas, somando 8.50 e 8.10, contra 7.33 e 8.07 de Filipe, que também foi criterioso no lineup e pegou apenas três, descartando 6.50 na pior onda.

O round 4 (extinto pela WSL há alguns anos) marcava uma nova bateria com três atletas, com os dois melhores se classificando direto para as quartas de final. Assim como na estreia, Italo Ferreira ficou atrás de Gabriel Medina (13.33 a 12.17), enquanto o francês Jeremy Flores foi terceiro.

Nas quartas de final, o brasileiro encarou o havaiano Ezekiel Lau e teve uma atuação brilhante, obtendo 8.83 e 9.03 nas duas melhores ondas, performance que deixou o adversário precisando de uma combinação de notas no total de 17.87 pontos.

A semifinal marcou o reencontro entre Italo e Gabriel Medina, desta vez em bateria homem-a-homem. O potiguar saiu na frente com 6.33, levou a virada com 6.50 e 7.60, passando a precisar de 7.77. Ele arriscou tudo em sua segunda tentativa e arrancou 9.17 dos juízes, maior nota da competição.

Enquanto Medina esperava para dar o troco, Italo conseguiu trocar sua segunda melhor onda por 6.83, deixando o adversário a 8.41 da classificação. Gabriel Medina até tentou um aéreo nos minutos finais, mas não completou e a vaga na final ficou mesmo com Italo Ferreira, autor de 16.00 pontos, contra 14.10.

Italo Ferreira e Mick Fanning, Rip Curl Pro Bells Beach 2018, Victoria, Austrália, World Surf League, WSL, Circuito Mundial de Surf. Foto: WSL / Sloane
A emoção de Italo Ferreira depois da incrível vitória em Bells Beach. Foto: WSL / Sloane

A final

A bateria decisiva começou morna, com poucas ondas em Bells Beach. O cenário mudou quando faltavam 15 minutos para o término. Mick começou melhor, com 8.10, contra 6.33 do brasileiro. Italo virou o placar com 7.33 e o australiano cometeu um grande erro nos minutos finais, abrindo mão da prioridade. Melhor para o potiguar, que não desperdiçou a oportunidade e disparou na liderança com 8.33.

A partir daí, o oceano ficou a favor de Italo Ferreira e as ondas pararam de entrar. A emoção tomou conta do outside e Mick Fanning foi abraçar e aplaudir o campeão, que estava emocionado.

Rip Curl Pro Bells Beach 2023

Depois de passar pelo Havaí e Portugal, o Championship Tour 2023 da WSL segue para a Austrália. O Rip Curl Pro Bells Beach começa no próximo dia 4 e vai até 14 de abril em Victoria, Austrália.

Em sua carreira, Italo Ferreira já ficou ainda em terceiro lugar (2016) e chegou por duas vezes às quartas de final em Bells Beach (2019 e 2022) no Tour da WSL. No momento, ele ocupa a 13a posição no ranking, empatado com Miguel Pupo, Seth Moniz, Ryan Callinan e Ian Gentil.

Italo Ferreira, Rip Curl Pro Bells Beach 2018, Victoria, Austrália, World Surf League, WSL, Circuito Mundial de Surf. Foto: WSL
Italo Ferreira na primeira de muitas comemorações no Tour da WSL. Foto: World Surf League

RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO RIP CURL PRO BELLS BEACH 2018:

Campeão: Italo Ferreira (BRA) por 15,66 pontos (8,33+7,33) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Mick Fanning (AUS) com 12,83 pontos (8,10+4,73) – US$ 55.000 e 7.800 pontos

SEMIFINAIS – 3.o lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000 de prêmio:

1.a: Mick Fanning (AUS) 16.50 x 9.67 Patrick Gudauskas (EUA)
2.a: Italo Ferreira (BRA) 16.00 x 14.10 Gabriel Medina (BRA)

QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com 4.745 pontos e US$ 19.000 de prêmio:

1.a: Patrick Gudauskas (EUA) 11.67 x 11.44 Michel Bourez (TAH)
2.a: Mick Fanning (AUS) 13.77 x 9.33 Owen Wright (AUS)
3.a: Italo Ferreira (BRA) 17.86 x 11.50 Ezekiel Lau (HAV)
4.a: Gabriel Medina (BRA) 15.73 x 15.00 Frederico Morais (POR)

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