Foi uma sessão para ficar na história do surf brasileiro. No fim de junho, a Laje da Avalanche, em Vila Velha (ES), proporcionou momentos épicos para um grupo de destemidos, com destaque para um tubo impressionante do carioca Daniel Rangel (veja abaixo da reportagem), que, além dos vídeos, rendeu uma belíssima imagem ao fotógrafo Keale Lemos.
“Depois de passar a manhã assistindo a um show da galera da Nxf Bodyboard (grupo capixaba de bodyboarders), fiquei inspirado e fui pra corda. Obrigado, Lucas Medeiros, por me emprestar sua prancha. Foi a melhor prancha que já surfei em um slab (rasa bancada de pedra)”, falou Daniel, que agradeceu também ao amigo Caio Vaz, que pilotava o jet-ski quando Daniel pegou o tubo da vida. “Obrigado ao meu camarada Caio Vaz, que há mais de cinco anos me coloca nas melhores ondas da minha vida. Espírito Santo, amém”, celebrou o free surfer nas redes sociais.
Daniel Rangel disse ainda que o Espírito Santo é a “capital nacional dos slabs” e agradeceu aos amigos e capixabas por todo o suporte na Laje da Avalanche. “Obrigado a todos que fizeram parte dessa trip, e à galera local, que deu uma aula de humildade e educação, nos recebendo com todo carinho e compartilhando esse lugar tão especial com a gente”, disse Daniel, carinhosamente chamado pelos amigos de “Cabeça”.
A foto do dia
O tubo do carioca foi acompanhado de perto pelo fotógrafo Keale Lemos. “A ondulação estava virando bem para o quadrante leste, fazendo a onda quebrar mais para dentro da bancada. Quando a galera começou a cansar no canal, subimos no jet e procurei registrar de um ângulo mais frontal para os surfistas, pegando a parte interna da onda. Estava com o Ziul Andueza pilotando e ele me colocou no lugar certinho quando o Daniel pegou aquele tubo. Fomos abençoados com aquela onda”, revela Keale.
O fotógrafo diz também que a luz de fim de tarde deu um tom especial à imagem. “Geralmente, os registros que fizeram daquela onda foram mais pela manhã, com a luz mais atrás da câmera, gerando uma sombra. Nesse dia, a luz estava em outra direção, iluminando a onda, deixando bem dourada. Acho que isso fez muita diferença nas imagens”, explica Keale.
Marco no surf nacional
Para o free surfer Gabriel Sampaio, pernambucano criado em Niterói (RJ), foi uma sessão histórica, apesar de o tamanho estar menor do que um swell de 2019, o primeiro que despertou a atenção da mídia para o pico. “Foram quatro dias de ondas muito boas. Como o swell estava bem de leste, a onda formava um ‘dente’ quando chegava à bancada. Com essa direção, ficava melhor para passar por dentro do ‘triângulo'”, explica Gabriel. “Quando estive lá da outra vez, eu sabia que era um lugar que ainda tinha muito a ser explorado porque a onda é muito propícia para performances de alto nível”, continua o free surfer.
Gabriel Sampaio, que mais uma vez botou pra dentro das cracas impressionantes da Laje, rasgou elogios ao tubo de Daniel Rangel. “Para mim, foi um marco no surf nacional. Foi uma performance muito animal. Ele fez tudo perfeito, foi uma onda extremamente rara. Foi histórico”, conclui o atleta.
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