Pedra Que Ronca, Swell em Salvador, Bahia. Foto: Rodrigo Calzone
Luciano Dubiba em ação no swell pesado que encostou no litoral baiano. Foto: Rodrigo Calzone

Algumas pessoas ainda se espantam quando leem notícias e veem imagens de swell grande em alguns estados do Nordeste, como a Bahia.

A ausência de baías protegidas normalmente faz com que as ondulações maiores percam muito em qualidade, já que na região, em geral, o vento costuma ser o grande vilão.

Em compensação, existem muito mais reef e point breaks no Nordeste do que nas outras regiões do Brasil.

Se no Sul e Sudeste, a proteção dos morros e o formato em baía da maioria das praias ajuda bastante a conter a ação do vento, os fundos do Nordeste dão um banho em qualidade.

No Dia dos Namorados, 12 de junho, rolou um dia mais do que épico, de norte a sul do estado, produzindo ondas perfeitas de 6 pés em média.

Pedra Que Ronca, Swell em Salvador, Bahia. Foto: Rodrigo Calzone
Adauto Costa é outro exímio conhecedor das bancadas da região. Foto: Rodrigo Calzone

Esse swell foi uma combinação de duas ondulações, uma de sul e uma de sudeste, com pouco ou nenhum vento durante todo o dia. Essa mesma ondulação foi ganhando pressão, virou a direção mais para sudeste, entrou uma influência pesada de leste, uma tempestade em alto-mar energizou as condições e, na quarta e quinta feira seguintes (16 e 17/6), tivemos bombas chegando aos 10 pés sólidos em muitos picos de Salvador e região.

Um dos fatores mais impressionantes é que a quantidade e qualidade dos big riders “anônimos” da área são notáveis. Muitos maroleiros devem ter treinado escondido, apareceram na praia com gunzeiras dignas de Jaws e Waimea, botaram pra baixo em condições cascudas e fizeram o queixo de muita gente bater no chão (inclusive o meu) e voltar.

Sempre um grande destaque das sessions no lendário pico da Pedra que Ronca, também conhecido como PQR, Adauto Costa pilhou e inspirou uma legião de discípulos a treinar e a desenvolver um big surf responsável e de qualidade. Além de botar pra baixo nas maiores, ele ainda orienta a galera mais crua a como se posicionar no pico e arriscar os primeiros drops nas bombas.

Pedra Que Ronca, Swell em Salvador, Bahia. Foto: Rodrigo Calzone
Juvenal Gordilho se joga na bancada da Pedra que Ronca. Foto: Rodrigo Calzone

O pico da PQR, apesar de ter um canal “suave” pra não tomar na cabeça, é trinchado de pedras submersas e expostas, o que deixa a adrenalina muito mais hardcore no pico. Não que seja um grande perigo, mas requer que os surfistas estejam ali bem conscientes do que estão fazendo. Fora o preparo físico, também indispensável para situações de perrengue.

Agora, imaginem entrar sem prancha num mar desses, portando uma caixa-estanque pesada (o que tira muito a mobilidade na água) e ficar lá fora por cerca de duas horas ininterruptas? Pois é, alguns fotógrafos estão também treinando e se destacando nesse tipo de incursão e o resultado é digno de pôster na parede da sala.

Um deles que podemos destacar é o fotógrafo Rodrigo Calzone, autor das imagens da galeria de fotos. Com muita experiência na Indonésia, Rodrigo agora tem se jogado em condições cascudas para buscar o melhor ângulo nesses picos mais inóspitos do Brasil.

Pedra Que Ronca, Swell em Salvador, Bahia. Foto: Rodrigo Calzone
Marlos Viana em uma boa da série. Foto: Rodrigo Calzone

Nomes de peso do free surf baiano marcaram presença se jogando nas morras, como Lucas “Fly” Passarinho, Juvenal Gordilho, Lucas Matos, José Figueiredo (Zezowil), Dautinho Guedes, Carlos Eduardo (Rasta), Marlos Viana, Vinicio Fonseca, Bruce Kamonk, José Reis, Heloy Junior, Rogério Flores, Carol Peters, Natalie Coelho, Miguel Sehbe e Erick Moraes, que botou pra baixo de 5´11. São muitos nomes, não temos como listar todos.

Para abrilhantar mais ainda esses dias de big waves, os monstros Lapo Coutinho, Eloy Lorenzo e Luciano Costa Dubiba, formaram uma equipe animal de tow-in e deixaram o pico com cara de Hawaii.

Que venham mais dias desses, já que nitidamente a rapazeada está equipada e preparada até os dentes.

Para acompanhar melhor o trabalho do fotógrafo, siga @rodrigocalzone no Instagram.

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